"Várias pessoas foram vítimas inocentes da fúria cega da multidão, que
não estava em condições de examinar calmamente a evidência. Não é no
instigar a uma arruaça que o direito é exercido com imparcialidade e
discernimento. Durante séculos, a Europa testemunhou o espectáculo
vexatório da perseguição às chamadas "bruxas". Numa época dominada por
crendices grosseiras, tanto em países católicos como protestantes,
muitas mulheres foram condenadas à fogueira, sob a acusação de
praticarem "bruxaria". Mesmo a mãe de João Kepler, o pai da astronomia
moderna, foi acusada de ser feiticeira e foi com a maior dificuldade ue o
filho já ilustre, conseguiu persuadir as autoridades da falsidade da
acusação. Num clima de obscurantismo e supersitção, as multidões
descarregavm os seus preconceitos cegos contra pessoas que hoje seriam
classificadas como doentes mentais.
Uma verdade científica não pode ser estabelecida contando cabeças.
Nicolau Copérnico preferiu que só depois da sua morte fosse publicado o
seu livro revolucionário para a época, no qual propunha que o Sol, e não
a Terra, estava no centro do nosso sistema planetário. Receava que se
estivesse ainda vivo, poderia cair vítima da Inquisição, que reflectia
as ideias retrógradas de então.
Galileu, ao defender a ideia de que a Terra se revolvia em volta do Sol,
fê-lo com o risco de prisão, pois com isso ofendia a opinião da
maioria.
Tudo isto ilustra o simples facto de que nem a verdade científica, nem a
verdade religiosa, podem ser estabelecidas, por mero voto da maioria.
Como escreve Malcolm Muggeridge, um jornalista inglês que se converteu à
fé cristã há poucos anos: "O Cristianismo não é uma visão estatística
da vida." Não é contando cabeças que se averigua a veracidade do
evangelho. Com efeito, os seguidores de Cristo constituíam uma minoria
insignificante na Palestina e mesmo três séculos mais tarde ainda, eram
uma minoria no Império Romano. (...)" (1)
O próprio Jesus foi vitima de uma multidão enfurecida que gritava
"Crucifica-o, Crucifica-o", preferindo que Barrabás, o criminoso, fosse
solto.
Nunca acredite numa mensagem, nem a defenda como uma verdade, seja ela
qual for, só porque é defendida por uma maioria. Procure, por si mesmo, qual é a verdade!...
(1) Mais Perto de Deus, Siegfried J. Schwantes
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